segunda-feira, 7 de maio de 2012

Fraude em licitação tira o VLT de Brasília da Copa 2014


Deve ser muito difícil ser eleitor na capital federal. Os escândalos de corrupção são praxe nos partidos à esquerda e à direita, o que dá aquela sensação típica (e errada) de que “político é tudo igual, são todos ladrões”. Agora, a corrupção já atrapalha a participação de Brasília na Copa do Mundo: o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), uma espécie de trem urbano com qualidade de metrô, não ficará pronto para o Mundial. O motivo: a fraude na licitação que tirou as construtoras acusadas da jogada. Em jogo, uma obra de mobilidade urbana estimada em 269 milhões de reais.
A Justiça embargou a construção do VLT em abril de 2011 alegando que o consórcio das construtoras Daclon, Altran/TCBR e Veja Engenharia foi beneficiado na licitação. A concorrência aberta pelo governo do Distrito Federal, segundo a Justiça, já foi aberto para beneficar este grupo, que teria relações com o presidente do metrô do DF, José Gaspar de Souza. O consórcio entrou com recurso. Faz mais de um ano, portanto, que o projeto está parado.
Na semana passada, o secretário de obras do Distrito Federal, David de Matos, declarou que certamente o VLT de Brasília só ficará pronto depois da Copa do Mundo 2014. A obra deveria ter sido iniciada em março deste ano, com prazo para entrega em dezembro de 2013.
Com a demora na definição e a falta de empenho público em resolvê-la, surgiu um outro problema: a duplicação da rodovia DF-047, principal acesso ao aeroporto Juscelino Kubistchek, só poderá ser realizada com o andamento da obra do VLT.
Com 6.5 quilômetros de extensão, o VLT está previso para ligar o aeroporto à Asa Sul. Sem ele e a duplicação da rodovia, dificilmente a vida dos turistas na capital federal não será um inferno durante o Mundial. E é bom lembrar que a capital será sede de sete partidas da Copa, o maior número ao lado do Rio de Janeiro.
O pior é que a licitação do VLT não é a única obra polêmica em Brasília para a Copa. Construído por um consórcio da Via Engenharia e a Andrade Gutierrez, o estádio Mané Garrincha (que pode ter o nome mudado para Estádio Nacional) tem um orçamento previsto de 863,2 milhões de reais. Com 71 mil lugares, é um elefante branco certo para depois do Mundial. Os dois principais clubes do Distrito já têm seus estádios:o Brasiliense, atualmente na Série C do Campeonato Brasileiro, já manda suas partidas na Arena do Jacaré, em Taguatinga. O Gama, da Série D, manda suas partidas no Bezerrão, no Gama. Mesmo se passassem a mandar seus jogos por lá, dificilmente o Brasiliense e o Gama levam 3 mil pessoas às arquibancadas. O governo promete encher a agenda do estádio com outros eventos, mas vai ser quase impossível marcar ao menos quatro shows ou rodeios por mês, que seria um número condizente com a utilidade pública do estádio.

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